domingo, 11 de outubro de 2009

afaga primeiro a sua pele...

afaga primeiro a sua pele.
sente-lhe as rugosidades.
repara como é possível ver os poros abertos e cheirar todas as cores.
sente-lhe pois o cheiro.
devagar…
com o vagar próprio de quem não tem medo.
então, com a mansidão maior que conseguires encontrar no fundo mais fundo do teu ser,
oferece-lhe o teu corpo.
deita-te assim de bruços sobre ela. sente-a inteira.
apoia-te depois sobre o teu lado esquerdo
encolhe as pernas e abraça-as até que os joelhos toquem o teu queixo.
certifica-te de que entre a tua pele e a dela nada se interpõe.
é importante que a tua orelha esquerda esteja liberta.
puxa o cabelo para a face direita, se fôr caso disso…mas não o amarres-
os cabelos querem-se soltos, para que o vento os possa beijar-
atenta na tua respiração. apazigua qualquer réstia de dor. entrega-a ao universo que saberá como transmutá-la.
respira e espera. sente-te.liberta a mente.
(podes cantar baixinho aquela cantilena que guardaste de uma qualquer infância.)
a pouco e pouco deixarás de sentir o peso do teu corpo.
perderás também a noção de Tempo e Espaço.
não te assustes.
mantém a mente vazia. sente a sua pele na tua pele.
e vê como te enches de Amor por todas coisas dentro de ti.
sentirás então um estranho pulsar de um coração gigante em uníssono com o teu.
uma luz que não saberás dizer inundará todo o teu Ser.
e sentirás verdadeiramente o teu Deus.
acabaste de ouvir o coração da Terra.

Teresa Cuco "do Amor e da Espada"; corpos editora 2008