terça-feira, 26 de março de 2013

estátuas de sal



vêm-me à memória as estátuas de sal
as que são agora pássaros e árvores e terra. 
disseste: "somos eternas"...
e depois foste partindo
para te tornares pássaro e árvore e terra.
esta terra alentejana que tanto amamos.
agora
há tantas coisas para te contar
(o que é que eu faço às coisas que tenho para te contar???)
e as gavetas cansaram-se de guardar os recados e as fotografias
e colaram-se nos meus olhos
e os teus recados escorrem pelas paredes
e apertam-me a garganta.
procuro lembrar as tuas mãos
e tenho medo de me esquecer da tua voz.
e sim, eu sei que a morte não existe.
mas hoje...
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Abraço-te.

(Teresa Cuco -inédito)