quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

lágrimas iguais às minhas...com ou sem burka.

Quando as luzes se apagaram

quem te segurou nos braços,

meu amor?

Quando a fome veio e o frio

das bombas

e do medo

e do abandono

se instalou no teu corpo inteiro,

quem te acolheu

ó meu amor?

E quando vieram

os salvadores do mundo

e te mataram

quem, ó meu amor,

secou as lágrimas da tua mãe

e lhe aqueceu o coração?


(Teresa Cuco in do Amor e da Espada, corpos editora, 2008)
(url imagem : artwork_images_113308_124988_james-nachtwey.jpg)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

3 poemas e um video

I want to thank dkmasterflow, for letting me use his wonderful work as background to my words: "se aqui estivesses...", "gosto de te pensar...", "disseram que voltarias...", (in "do Amor e Da Espada"; Teresa Cuco,editora corpos, 2009) Voz: Teresa Cuco

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

não sei...

não sei onde morrerá a loucura
nem sei quantas vezes contarei os passos
que distam do teu andar
sem nunca
jamais
te alcançar.

(Teresa Cuco)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

respira...



voz: Teresa Cuco
captação audio: João Cágado
autoria: Teresa Cuco

in: do Amor e da Espada, corpos editora, 2009;

terça-feira, 14 de junho de 2011

caminhos tortos...

Caminhos tortos aos olhos dos outros

nunca aos nossos.

Que os nossos caminhos tortos

são um fio-de-prumo perfeito

um caminho todo a eito

rumo ao infinito…

dos nossos corpos.

(Teresa Cuco/inédito)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Deito por terra

Deito por terra

o que sobra das palavras

que não digo.

Redondo é o teu olhar.

E é de vidro

este silêncio

a que me obrigo.

(Teresa Cuco)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Ergues as mãos que te restam

Ergues as mãos que te restam

e rezas como podes a um Deus

em que não acreditas

amas sem entrega

a um amor que não sentes

caminhas mas não são teus esses passos

embaraças-te...vacilas

mas não é tua essa dúvida

vives os dias que outros

te emprestaram

hipoteca sem termo

de uma razão adiada.

(Teresa Cuco)

Os homens saíram da pressa...

Os homens saíram da pressa
e fecharam para sempre
as gavetas da impaciência
abandonaram os olhos e as mãos
da noite
e quiseram perder-se
para se encontrar
no silêncio da lua
no leito da terra
no arco-íris doutro tempo
no tempo doutras idades
quiseram ser mágicos
e foram magia
quiseram ser puros
e foram livres.

(Teresa Cuco/inédito)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tenho saudades desse que me morreu

Tenho saudades desse que me morreu.
que adivinhava as minhas mágoas
que me falava sempre a verdade
e me ensinava a espalhar estrelas
e a desbravar alvoradas.
na almofada do seu peito
eu descobria o nome de todos os vendavais
que nasciam no meu peito
e se deitavam nos trigais.
e eu aprendia a confiar.
e eu confiava.
por ele, correria o mundo inteiro.
com ele, eu vencia os maiores temores
e eu era a força e a palavra.
era livre como o vento.
e voava…
voava.
tenho saudades do meu amigo.
sim, esse que me morreu.
e me levou a liberdade.
e me deixou vazia.
sozinha.
sem nada.

(do Amor e da Espada, corpos editora, 2009, Teresa Cuco)