quinta-feira, 27 de maio de 2010

um dia ...

Um dia entrara no templo das trevas
nas malhas encantadas
por sábias mãos tecidas.
Caídos os panos
soltas as feras
agigantou-se a sombra
de tudo o que deveria ter sido
e não foi.
Agora era
faminta e desgrenhada
devoradora de noites cerradas
fantasma dos que morreram
de todas as formas que é possível morrer-se.
Grito dos que sobreviveram
de todas as formas que é possível sobreviver-se.
Era mendiga e era a sorte
Era a renúncia.
A aflição.
O desnorte.
E era, um pouco mais além,
a sua própria morte.
Um dia,
de alguma forma,
entraria no templo da água
resgataria a sua terra prometida
e Saberia toda a Verdade.

(Teresa Cuco-inédito)