Os velhos desfiam as horas
por detrás das vidraças
contam os dias da solidão
têm memórias de quem passa
todos os dias
para lá da vidraça
contam os passos apressados
e palpita-lhes o coração
quando os passos morrem
na calçada
junto à vidraça
Para lá dela, há outros velhos
que passam
têm guias e bonés e carteiras
a tiracolo
falam línguas estranhas
e calcorreiam em bando
as ruas e as praças da cidade
Param
Filmam
Tiram fotos das fachadas
E das janelas
Por detrás das quais, os velhos,
-os outros- desfiam as horas
e contam os passos
de quem passa.
(Teresa Cuco)
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