sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Diz-me onde mora Aquele que não se diz

I.
Diz-me onde mora Aquele que não se diz
o Inominável, o Vazio, O que não tem forma…
que eu corri montanhas e travei guerras
desci aos meus medos mais profundos
estalei no meio da dor
castiguei-me em mil tormentas
ardi no caos das descobertas
fui amada e odiada
amei-me e odiei-me
morri no fogo da incerteza
afoguei-me no meio da lama
abri caminhos por entre as chamas
procurei por mim sem saber quem era,
e mais perdida no fim me achei
do que quando comecei;
diz-me onde mora Esse de que falam
que acalma os corações dos aflitos
que abraça e ama a todos por igual
que não condena nem julga nem oprime
que pacifica os vendavais
e segreda a brisa dos trigais
diz-me
diz-me
diz-me tu…ou mata-me
porque eu já não sou capaz!


II.
Eu não te posso dizer a morada d’Aquele que não se diz, que não tem nome, nem forma, nem vontade, que apenas É!
Só te posso dizer que encontrarás a Sua morada quando encontrares a tua Casa, e que para encontrares a tua Casa terás de morrer mil vezes e outras tantas te perderes no meio de encruzilhadas.

(Teresa Cuco - do Amor e da Espada, 2009,Corpos Editora)

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